Quando se conheceram, Jean era um metaleiro de cabelo
cumprido, alto, que desconhecia ou fingia desconhecer a palavra e sentido que
Deus tem na vida de alguém, até porque ele não tinha obrigação nenhuma.
Já Camila sempre foi religiosa, Deus sempre foi seu
principal e maior auxílio. E obviamente, ela temeu, a primeira coisa que pensou
foi como seus pais reagiriam por ela, tão nova, querer alguém completamente
diferente à ela. Eles não combinavam, mas quando ela o viu algo forte soou: “Os
opostos se atraem garota, vá em frente”.
E ela foi, escutou seu coração e se entregou. Não digo que
ela tenha se entregado de corpo, mas de alma... ah... a alma dela era
completamente dele, pena que ele não tinha certeza disso e a abandonou.
Camila se perdeu em meio as trevas. Viveu quatro meses de
escuridão, bebidas, homens e rebeldia. Ela estava de pá virada com a vida,
afinal ela se sentia sem valor.
Demorou um tempo pra ela perceber que a falta de paz e valor
não era por culpa de Jean, era culpa de si mesmo. O valor, paz, luz,
positividade, entre tantos sentimentos bons, mora dentro de nós. Só depende de
nós. E quando ela descobriu isso se tornou a “garota independência”. Nada
abalava essa garota.
[...]
Quatro anos se passaram, e o Jean voltou. Voltou junto com
seu cabelo, agora um pouco menor, com sua altura que o deixava todo “pomposo”,
mas agora veio com algo à mais, agora meu amigo, ele trazia junto uma filha, um
passado, uma história e algumas dores.
E a senhorita independência caiu. Ela viu que não era tão
independente assim, viu que precisava de carinho, muito mais além, viu que
precisava de Jean. Sentiu que o amava, mesmo depois de todos esses anos frios e
vazios de sua vida. Se abriu para amá-lo, afinal passado todo mundo tem e o que
passou não se resume e baseia em seu presente. Decidiu que o amor deveria falar
mais alto. E se por um acaso você se aquietar e fechar os olhos por um minuto,
irá escutar o amor de Camila gritando.